REVISTA PARATUDO

CRIATIVIDADE E INTELIGÊNCIA

por | jan 22, 2008 | Paratudo | 0 Comentários

Bráulio Vinícius Ferreira.
Arquiteto e Professor.

A criatividade pode ser melhor compreendida quando contrastada com a inteligência.
Segundo Kneller (1999), o pensamento criador é inovador exploratório e aventureiro, é atraído pelo desconhecido e indeterminado, pois o risco e a incerteza são seus estimulantes. O pensamento não criador; é cauteloso, metódico, conservador. Absorve o novo no já conhecido e prefere dilatar as categorias existentes a inventar novas. Outros autores denominam estes dois tipos de pensamento de “divergência” e “convergência”.

O pensamento não criador ou convergente é, em grande parte, medido pelo teste de inteligência que em geral exige repostas únicas e corretas para problemas exatamente definidos e, na maioria das vezes, essas respostas são convencionais. A pessoa que se submete a este tipo de teste deve apresentar como características boa memória e boa capacidade de reconhecer e de resolver problemas.

A inventividade, a especulação ou a exploração de outras idéias não estão presentes neste tipo de teste. Kneller (1999) estabelece uma relação entre criatividade e inteligência, porém, não afirma que tal relação é absoluta, mas que são poucas as pessoas altamente criativas que não são também altamente inteligentes. Este autor afirma que a criatividade não é uma qualidade única. O termo deve ser definido como um processo mental, como sendo um grupo de capacidades relacionadas, como fluência, originalidade e flexibilidade, que costumam agir em conjunto, o que justifica o fato de agrupá-las sob um único termo. Uma outra corrente de pesquisadores define criatividade como um tipo especial de solução de problemas marcado por traços como a novidade e a persistência.

Mas tal definição pode ser limitadora da amplitude do termo criatividade e pode gerar uma série de equívocos. Kneller (1999, p.24) afirma:

Nada se ganha, pois, quando se considera a criatividade como espécie de solução de problema. Para sermos justos com a criatividade, precisamos considerá-la como fenômeno, ou grupo de fenômenos, autônomo. Se o incluímos em outra categoria, acabaremos enevoando nossa própria visão dos fatos que investigamos. É obvio a qualquer pessoa que há certas soluções de problemas que são criativas. Mas é injustificado pressuposto ver em toda criatividade um caso de solução de problema. (KNELLER, 1999, p.24)

Um outro equívoco em relação à criatividade é relacioná-la apenas ao campo das artes. Da mesma maneira que um escritor transforma suas experiências da cena humana em novela ou peça de teatro, o cientista verifica e aprofunda os dados que adquiriu, a fim de produzir uma nova teoria. Uns e outros rearranjam conhecimento e experiência existentes, próprios ou alheios, em uma nova forma ou um novo padrão. Tanto o escritor quanto o cientista trabalham pela intuição e pelo intelecto, pois o escritor e o cientista têm de caminhar a partir de idéias que são sentidas mais do que compreendidas, que têm tanto de sensações quanto de pensamentos.

Alguns trabalhos ou profissões oferecem mais espaço do que outros à criatividade. A propaganda e o ensino podem ter funções mais criativas do que aquelas que exigem um trabalho excessivamente braçal, pois se exige do publicitário e do professor mais originalidade na ação e no pensamento.

Porém, Kneller (1999) afirma que as pesquisas demonstram que a criatividade contribui para o êxito das atividades mais comuns, como a de balconista de uma grande loja. Segundo o autor, em determinado estudo ficou patente que as vendedoras que se colocavam no terço superior da lista de vendas em suas lojas também se saíam melhor em testes de pensamento criador do que aquelas situadas no terço inferior. Seria, portanto, razoável admitir que até certo ponto todos os homens são criativos, à medida que podem exprimir seu potencial criador. Esta conclusão é baseada na lógica e não em experiências comprovadas, por isso devem ser encaradas com cautela; postura contrária poderia gerar conclusões equivocadas em relação ao potencial criativo do homem.

Referência Bibliográfica

KNELLER, G. F. Arte e Ciência da Criatividade. 14. ed. São Paulo: Ibrasa, 1999.

EDITO RIAL

A Revista Paralax é também fruto da construção criativa e responsiva do Paralelo Amarelo: plataforma que comunica arte, cultura, arquitetura, urbanismo, design e fotografia, com uma ênfase em nossa produção regional.

ISSN 1018-4783

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