REVISTA PARATUDO

CASA COR

por | maio 21, 2009 | Paratudo | 1 Comentário

Como todos já sabem a CASACOR Goiás, vai acontecer no colégio Lyceu de Goiânia.
Recebi hoje um depoimento de um professor do curso de arquitetura da UEG que vale a pena ser lido.
Eventos como esse são interessantes? Até que ponto?
Vamos ao debate. Vamos à reflexão.
Eis o texto do Prof. Ricardo Trevisan.

Atônito, estarrecido, indignado: predicados deste cidadão, arquiteto eurbanista, após receber a notícia de abertura da Casa Cor na cidade de Goiânia,Goiás, em 20 de maio de 2009. Sentimentos que pretendo desoprimir aocompartilhá-los com os senhores leitores.

Houve uma época quando arquitetos e urbanistas eram profissionais tidos comoartistas, responsáveis por transformar cidades em belos cenários, como a Paris ea Viena do século XIX. Houve uma época quando arquitetos e urbanistas eramprofissionais responsáveis por atender às demandas habitacionais, como osconjuntos habitacionais dos Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs). Houveuma época quando arquitetos e urbanistas eram profissionais responsáveis porprojetar equipamentos sociais com qualidade, como hospitais e escolas públicas.Estamos numa época em que arquitetos e urbanistas buscam desconstruir, derrubar,desfazer todo o legado que construíram ao longo de sua história profissional!

E o que mais me estarrece: estes profissionais fazem isso sem questionamento,aprovando ações incoerentes e afirmando, através das mídias, sua cumplicidade emsituações incompatíveis para a realidade de um país em desenvolvimento, e mesmopara países desenvolvidos.

O que leva profissionais de arquitetura e urbanismo a ocuparem uma escolapública da área central da cidade – o Colégio Lyceu de Goiânia – em plenosemestre letivo para servir de palco para suas obras elitistas?

Que responsabilidade social e que ética tem tais profissionais ao se apropriaremde um espaço de ensino para exporem seus trabalhos relacionados a estilos devida destoantes da realidade financeira de seus verdadeiros usuários?

Que sentimento tal evento desperta nesses alunos, cujo universo social écompletamente o oposto?

E como o governo estadual, representado pela Secretaria da Educação, acorda comtal acontecimento? Não seria mais interessante, uma vez que a maior parte dapopulação goianiense é composta por classes C e D, promover um evento semelhanteem bairros carentes com propostas criativas e acessíveis financeiramente?

Cabe à organização da Casa Cor rever suas próximas realizações. Seja alocá-la emhabitações desocupadas (como era inicialmente feito), seja apropriar-se deprédios institucionais vazios, como o Centro Cultural Oscar Niemeyer (cujalocalização é estratégica para seu público alvo).


Saliento que não sou contrário ao evento Casa Cor. Idéias decorativasatualizadas são sempre bem vindas no intuito de agenciar nosso lar da melhormaneira possível. Porém, devemos, enquanto profissionais arquitetos eurbanistas, rever nossos conceitos e nossas ações. Ou continuamos nesse percursodegenerativo da profissão perante toda a sociedade, tratando-a como algosupérfluo e alienado; ou resgatamos suas origens e seus princípios, revelando atodos que arquitetura e urbanismo são tão essenciais quanto a medicina, odireito e a educação.


Ricardo TrevisanProfessor e coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UniversidadeEstadual de Goiás.
e-mail: prof.trevisan@gmail.com

EDITO RIAL

A Revista Paralax é também fruto da construção criativa e responsiva do Paralelo Amarelo: plataforma que comunica arte, cultura, arquitetura, urbanismo, design e fotografia, com uma ênfase em nossa produção regional.

ISSN 1018-4783

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1 Comentário

  1. IZADORA MAIA

    é, sem contar que certas exêntricidades de algumas estrelas beira o ridículo…como uma pessoa passa 5 anos de sua vida estudando noções de urbanismo, de arquitetura de tudo um pouco no final das contas se sujeita a fazer parte desse circo…nada contra circo, adoro, mas cada macaco no seu galho.

    braulio, se você entrar em contato com o professor josé renato antes de sexta feira, diga pra ele, por favor, que ele não especificou o material pra ser usado na base de maquete, sei que ele deve ter dito isso na aula que perdi, mas, seria um grande favor se colocasse isso no e-mail.e falando em e-mail perdi o seu e quero te mandar um artigo que li sobre o ECOLIMITE, eufemismo para os muros que vão circundar as favelas cariocas.

    abraços izadora

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