REVISTA PARATUDO

UM EMAIL QUE TODO PROFESSOR GOSTARIA DE RECEBER

por | fev 24, 2011 | Paratudo | 2 Comentários

Um dia recebi um email de uma ex aluna da PUC, hoje professora da Engenharia Ambiental, Karla Emmanuela.
A Karla foi daquelas alunas que deixaram sua marca no curso, e nos professores da PUC.

Do email veio um rápido encontro na sala dos professores da PUC, para uma conversa sobre desenho, geometria e ensino desses conteúdos. 
Depois do encontro recebo um email emocionante que compartilho com vocês.
Uma linda recompensa em ser professor. Este texto vai para o meu baú do tesouro.

Estimado Prof. Braúlio (chamo-o de professor como referência ao Mestre, àquele em que a gente se apóia)

Escrevo para agradecer a atenção, o carinho e a acolhida. Foram dicas maravilhosas que tentarei usá-las à altura!
Pena que lhe achei tão desanimado… mas é compreensivo pelas coisas que me contou. Torço para que o Doutorado e as oportunidades que virão lhe animem… até lá aproveito a oportunidade, para dizer-lhe da admiração e da gratidão que tenho para contigo e diversos professores da Escola. Sem vocês (o exemplo, a força, o apoio e o estímulo), provavelmente, eu não teria superado os inúmeros percalços e as diferentes barreiras que foram enfrentadas.

Lembro-me de fatos tão intensos e marcantes, tais como a alegria e a emoção das aulas no ateliê de desenho [e da luta (perdida!rs.) para que ele não fosse dividido].

Lembro-me de você e o Frederico chegando na escola no início de carreira (como eram – e continuam – super atenciosos e jovens! – apesar dos cabelos brancos! rs.rs. – Ah! sobre isto eu não lhe falei, mas já acumulei os meus branquinhos tb! – +++rs.)

Lembro-me do Prof. Ivan – na época eu não tinha sequer recursos financeiros para comprar os materiais básicos (papéis, canetas etc.) para fazer o trabalho de PA sobre o Hotel e ele financiou (sem questionar os custos) o material para mim [detalhe… ele nem me conhecia direito]. A professora Regina (que era do Serviço Social e atuava no Programa de Habitação – PHAP) que me auxiliava com passes de ônibus, caronas e financiava minhas inscrições nos cursos de extensão da escola de arquitetura. Ela me ouvia, me orientava e me animava – com ela, o mundo era sempre uma festa (e olha que, só trabalhávamos com população carente!). Sem se dar conta, ela foi minha orientadora, mãe,guia e amiga.

Lembro do Gustavo (que me deu tanto apoio nas horas de desânimo), da Adriana, do Pente, do Cainho (que nem meu professor formal foi, mas debateu quase todos os meus projetos comigo), do Elias Daud (que me orientou sobre os Assentamentos Rurais com tanto entusiamos que fiquei dez anos trabalhando com isto!). E outros tanto que cometo a injustiça de não escrever e pronunciar seus nomes agora… Dirceu, Arnaldo, Rui, Saida, Ciri, Tai, Fernandos, Suzy, Milena, Fernanda, Silvio, Everaldo… Sinto saudades daquelas que se foram e marcaram minha formação.

Sem vocês eu não teria feito o curso e jamais receberia este título que ora uso – Doutora! Este título que é mais de vocês do que meu!

Querido Professor Braúlio, eu vivi tão intensamente o curso, o centro acadêmico, os debates e embates da filantropia no DCE – que a emoção que eu tenho ao rever-lhe e poder entrar no prédio da Arquitetura de cabeça erguida é indescritível. O Bloco C erguido sobre a lembrança/vivência/ambiência do prédio antigo – enterrando (ou desabrochando) os sonhos, as lutas, as esperanças de tantos outros que passaram por ali… no terraço, nas ferragens, na rampa de acesso – fez uma marca em mim (e talvez em outros tantos) que os/as novos/as arquitetos/as, nos seus espaços virtuais, no seu mundo de abstração e redes interativas, certamente não terão. Eu presenciei cotidianamente (desculpe a redundância) a emoção do contato palpável do espaço vivido e sentido. Eu vivi, aquele sentimento que a arquitetura e o urbanismo evocam/provocam quando se encontra o sublime refletido na relação entre o objeto de arte e aquele que o aprecia em todos os sentidos – aquele momento mágico, único, indescritível do autor que é parte da obra; do admirador em cartase diante da arte; do discípulo diante do mestre .

Talvez, não econtre o “tom certo” para dar sinergia a todas as novas ferramentas que o Desenho nos coloca e desafia pela frente. Mas tenho certeza que, ao menos, um pouco do sentimento, da relação entre o fazer-viver; eu poderei tentar replicar (?) em minhas práticas didáticas com meus/minhas orientandos/as em nossas visitas, em nossos debates, em nossas análises – sempre na perspecitiva de nos desafiar a vivenciar o lugar / o espaço e as relações que ele provoca em sua plenitude!

Por tudo isto (e muito mais) MUITO OBRIGADA!

Com carinho e gratidão
Karla Emmanuela

EDITO RIAL

A Revista Paralax é também fruto da construção criativa e responsiva do Paralelo Amarelo: plataforma que comunica arte, cultura, arquitetura, urbanismo, design e fotografia, com uma ênfase em nossa produção regional.

ISSN 1018-4783

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