Pra quem acha que o instagram é uma novidade, vejam a profecia feita por Vilem Flusser em seu livro A Filosofia da caixa preta – Ensaios para uma futura filosofia da fotografia.
Não sei se é o caso de acertar alguma previsão, mas o texto parece ser bem pertinente aos usuários de aplicativos de fotografia dos smartphones, em especial o instagram.
Nos faz pensar sobre a fotografia e o modo como vemos o mundo. Vejam:
“O aparelho é brinquedo sedento por fazer sempre mais fotografias. Exige de seu possuidor (quem por ele está possesso) que aperte constantemente o gatilho. Aparelho-arma. Fotografar pode virar mania, o que evoca uso de drogas. Na curva desse jogo maníaco, pode surgir um ponto a partir do qual o homem-desprovido-de-aparelho se sente cego. Nao sabe mais olhar, a não ser através do aparelho. De maneira que não está face ao aparelho (como o artesão frente ao instrumento), nem está rodando em torno do aparelho (como o proletário roda a máquina). Está dentro do aparelho, engolido por sua gula. Passa a ser prolongamento automático do seu gatilho. Fotografa automaticamente. (…) Quem contemplar álbum de fotógrafo amador, estará vendo a memória de um aparelho, não a de um homem. Uma viagem para a Itália, documentada fotograficamente, não registra as vivências, os conhecimentos, os valores do viajante. Registra os lugares onde o aparelho o seduziu para apertar o gatilho.” Vilém Flusser
VIA CAMILO AMARAL
Encontrei dezenas de links para dowloads do livro, como eu não sei se os arquivos são autorizados pela editora, preferi não publicar aqui no blog. Mas encontrei também uma livraria que tem exemplares disponíveis, e o livro – caso queiram ler – certamente é encontrado nas bibliotecas públicas do Brasil a fora.
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