REVISTA PARATUDO

Gonzaga e a música que eu ouvia.

por | dez 13, 2012 | Paratudo | 0 Comentários

Fazia tempo que eu queria falar sobre a musicalidade na minha infância, e hoje como é comemorado o centenário do Rei do Baião – Luiz Gonzaga – resolvi escrever algumas linhas sobre minha experiência musical que tem relação com o Rei do Baião e a musicalidade dos Vencedores por Cristo.

Nasci em um lar cristão evangélico.

Ouvia músicas cristãs a maior parte do tempo.
Assim cresci ouvindo Vencedores por Cristo, Grupo Logos, Wesley e Marlene, Grupo Sonoros e depois já na adolescencia ouvia o Janires, Banda Azul, Expresso Luz, Caminhar, Rebanhão entre outros. Naquele tempo não existia o glamour da música gospel de hoje. Verdade também que as músicas produzidas por esses que eu citei acima, e mais outros tantos, tinham qualidade de letra, melodia, harmonia e arranjos.

Mas ouvia muito música que não era cantada na igreja:
Em especial Luiz Gonzaga e Rolando Boldrim. Sem perceber meus pais acabaram formar meu gosto musical – que a cada dia se mostrava mais exigente – na maioria das vezes chato.

Ouvia com muito humor as letras irreverentes do Rei do Baião – minha mãe um pouco mais conservadora, não gostava de algumas – por exemplo o Pagode Russo:

Ontem eu sonhei que estava em Moscou 
Dançando pagode russo na boate Cossacou (bis)
Parecia até um frevo
Naquele “cai e não cai”
Parecia até um frevo
Naquele “vai e não vai”
Vem pra Coça
Cossaco dança agora
Na dança do Cossaco
Não fica Cossaco fora

Mas me deliciava com aquele jeito de fazer música, alegre, espontâneo e feita para o povo.
Quis até tocar acordeón, uma época, mas logo passou.

De outro lado ouvia atentamente as canções do VPC que embalava toda uma juventude no final dos anos 1970 e início dos anos 1980. Eu era pequeno, tinha lá uns 8 a 10 anos mas já curtia aquela sonoridade meio ‘rebelde’ dos Vencedores Por Cristo.

Sua canção Deus é Real do Lp Se eu fosse contar… que dá nome ao LP dos Vencedores, embalou muitas reuniões de juventude – ou de mocidade.



Se eu fosse contar o que, de alguém, ouvi,
Poderia um detalhe esquecer.
Pois quando se conta algo que não se viu,
Muita gente, talvez, não vá crer.

Mas o que senti com o toque da fé,
E até com os olhos da alma eu vi.
Dê um tempo e escute, verá afinal,
Que o Deus que eu achei é real.

O Deus que o mundo, tão lindo, criou
Muito amou a você e a mim.
Por isso, Seu Filho, ao mundo mandou
Nos trazer salvação que é sem fim.

Mas o que senti com o toque da fé,
E até com os olhos da alma eu vi.
Deixa claro, Ele vive em meu coração,
Encontrei seu perdão e a paz sem igual
Digo, então, que meu Deus é real!
sim, Deus é real! Deus é real!.

Fui criado assim, sem diferenças entre a música sacra e a profana, cresci sem essa separação e estranhei muito quando na igreja me disseram que havia uma música  ‘do mundo’ que não deveria ser ouvida, muito menos tocada no sagrado templo.  Mas isso é assunto para outro post – ou não. Estranhamentos a parte segui na minha maneira de ver o mundo e a musicalidade que cada um podemos produzir. 

Quando foi lançado o filme – Gonzaga de Pai para filho – fiz questão de ir assistir com o meu pai, e foi impossível segurar as lágrimas ao ouvir a canção Qui nem Jiló.

Se a gente lembra só por lembrar
O amor que a gente um dia a gente perdeu
Saudade inté que assim é bom
Pro cabra se convencer
que é feliz sem saber
Pois não sofreu
Porém se a gente vive a sonhar
Com alguém que se deseja rever
Saudade intonce aí é ruim
Eu tiro isso por mim
Que vivo doido a sofrer
Ai quem me dera voltar
Pros braços do meu xodó
Saudade assim faz roer
E amarga que nem jiló
Mas ninguém pode dizer
Que me viu triste a chorar
Saudade, o meu remédio é cantar
Saudade, o meu remédio é cantar

Acho que choramos de saudade pelo mesmo Xodó: o meu materno o dele da amada companheira, esposa e amiga.
Viva a música. Viva o Rei do Baião Luiz Gonzaga e sua genialidade!
Viva os Vencedores por Cristo!  A musicalidade genial de Nelson Bomilcar, sua trajetória, vida e arte influenciam a uma geração inteira, inclusive hoje.
Viva a criatividade.

EDITO RIAL

A Revista Paralax é também fruto da construção criativa e responsiva do Paralelo Amarelo: plataforma que comunica arte, cultura, arquitetura, urbanismo, design e fotografia, com uma ênfase em nossa produção regional.

ISSN 1018-4783

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